História
Sarzedo
Minas Gerais – MG
Histórico
O surgimento do povoado que originou o município de Sarzedo,
está ligado como grande parte dos munícipios mineiros, a exploração mineral. Se
no século XVII, a busca do ouro determinou uma maior interiorização da
população orientando a ocupação do território, no século XX a extração do
minério de ferro e o seu transporte propiciaram o surgimento dos diversos
núcleos de povoamento na região sudeste do Brasil. Oficialmente descoberto na
última década do século XVII, o ouro motivou a ocupação do seio do território
brasileiro determinando o povoamento da região das minas pela formação dos
primeiros núcleos populacionais que se fixaram próximos aos cursos d’água, onde
era mais fácil a sobrevivência. Foi á penetração dos bandeirantes paulistas no
interior das Minas Gerais no século XVIII, aprisionando índios e apossando das
terras a procura do ouro e pedras preciosas que fizeram surgir os primeiros
arraiais mineiros. Os primeiros grupos, inicialmente estabelecidos de forma
temporária, assumiram depois um caráter da ocupação permanente na medida em que
se intensificou o processo de exploração aurífera. Foram fundadas assim, os
arraiais e vilas que formaram a capitania de Minas Gerais.
O município de Sarzedo está inserido neste contexto.
Constituído apenas do distrito sede o município possui uma área de 62,17 km quadrados
e está localizado na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Resultado da
ocupação inicial do entorno da Estação Ferroviária construída no decorrer do
início da segunda década do século XX, e inaugurada no final da mesma década, o
antigo povoado foi transformado em município através da Lei n° 12.030, de 21 de
dezembro de 1995. Pertencendo primeiramente a Comarca de Sabará, território
descoberto pelos paulistas em 1669, onde Borba Gato encontrou grande quantidade
de ouro e atraiu um contingente de pessoas muito grande para o local que em 09
de julho foi elevada a vila, com o título de Villa Real de Sabará, confirmada
por El-Rei em carta de 31 de outubro de 1712. A referência mais antiga
encontrada sobre a região de Sarzedo conta que em 05 de março de 1743, foi dada
por Gomes Freire de Andrada, Governador da Capitania de Minas Gerais, uma Carta
de Sesmaria a BALTHAZAR FERNANDEZ SARZEDAS, declarando ser o mesmo:
Nesse documento está expressa a obrigatoriedade de
demarcação das referidas terras, e ressaltado que foram dadas ao seu
proprietário para povoar e cultivar. Pode ter daí originado o nome do curso
d’água que corta a região, o RIBEIRÃO SARZEDAS, citado no DICCIONÁRIO
GEOGRÁPHICODO BRAZIL DE 1899 por Alfredo Moreira Pinto.
SARZEDAS: Ribeirão do Estado de Minas Gerais: nasce na serra
de José Vieira, no dist. de Contagem, banha o dist. de Carmo da Capela Nova do
Betim e deságua no rio Paraopeba. Recebe o ribeirão do Pintado e da Boa
Esperança. Nesse com o nome de Bento Martins.
Curso d’água citado também em 1909, por Nelson de Senna na
descrição do distrito de Capella Nova de Betim, que depois deu nome ao povoado.
Ao se referir as cachoeiras e cursos d’água da região afirmou:
Esta freguezia é cortada por três ribeirões: o Sarzeda, que
nasce na Serra de José Vieira, na freguezia de Contagem, e entra nesta
freguezia pela fazenda da Cachoeira, atravessando a mesma freguezia pelo lado
do sul desagua no Paraopeba, depois de ter recebido o ribeirão da Serra da Boa
Esperança pelo lado esquerdo, este ribeirão abunda em peixes de todas as
espécies conhecida.
O distrito de Capella Nova de Betim, conforme nos contou
esse antigo pesquisador mineiro, foi fundado no século XVIII por José Rodrigues
Betim, sua mulher, filhos, irmãos e cunhados, entre a zona de Contagem, Santa
Quitéria e o Morro de Matheus Leme, tendo sido freguesia criada pela Lei
Provincial n° 522 de 23 de setembro de 1851. Em 1901, Capella Nova de Betim
passou a fazer parte do município de Santa Quitéria, conforme também mostrou
Nelson de Senna:
Foi criada pelo Art. 1° da Lei n° 319, de 16 de setembro de
1901, que tem por sede a pequena Villa de Santa Quitéria (a nove léguas de Belo
Horizonte), no vale do rio Paraopeba, e em região muito agrícola. Café,
cereais, gado, toicinho,- eis a riqueza desse município composto de 4
distritos: os da Villa e os de Capella Nova de Betim, Contagem das Abóboras e
Varsea do Pantano (que o povo alterou para Vargem do Pantâna). (...) Todos
esses distritos foram desmembrados do município de Sabará para constituir o
município de Santa Quitéria.
Essa região da Vargem do Pantâna, que mais tarde se dividiu
nos municípios de Ibirité e Sarzedo, foi povoada ainda nos tempos do Primeiro
Império Brasileiro, inicialmente com a fundação da Fazenda do Pantâna, de
propriedade do Alferes Antônio José de Freitas. Mais tarde, por causa da
partilha de bens determinada pela morte do mesmo, essa grande propriedade foi
então dividida em 7 (sete) novas fazendas: Santa Rosa ( que vai originar o
município de Sarzedo), Retiro do Jatobá, Rola Moça, Mato Grosso, Canal, Urubu e
Vargem( que deu origem ao povoado de Ibirité.
O povoado de Vargem do Pantâna foi elevado à categoria de
distrito de Sabará no ano de 1891. Após a transferência da capital mineira, de
Ouro Preto para Belo Horizonte, no final do século XIX, o distrito de Vargem do
Pantâna passou a pertencer ao recém- criado município de Santa Quitéria e
depois a Contagem por época da sua elevação á município, em 1939. Mais tarde,
passou a fazer parte do município de Betim, de dezembro de 1948 até a
determinação da criação do município de Ibirité a 21 de março de 1958. Nesta
data o legislativo betinense aprovou uma resolução de n° 15, Art. 1° “ficam
autorizados os distritos de Ibirité e Sarzedo a promoverem a sua emancipação, a
fim de constituírem um novo município desmembrado de Betim”. Porém, a real
emancipação de Sarzedo só ocorreu em 21 de dezembro de 1995 e sua instalação
oficial em 1° de fevereiro de 1997.
Conforme nos mostraram os antigos pesquisadores da história
e da memória da região, o local onde surgiu o povoado de Sarzedo era
anteriormente dividido em grandes fazendas de produção agrícola e criação de gado.
Uma das maiores propriedades, de acordo com o registro de Antônio Afonso de
Magalhães, a Fazenda da Cachoeira de Santa Rosa de Lima englobava todo o
território hoje ocupado pelo município. De acordo com o relato desse antigo
morador da região, a velha fazenda era assim chamada pelo fato de ter construída
no seu terreno, uma ermida que abrigava a imagem de Santa Rosa de Lima.
De acordo com ele, no início do século XX a antiga Fazenda
de Santa Rosa de Lima foi hipotecada por 09 (nove) contos de réis. Os juros se
acumularam e não foi possível ao proprietário fazer o pagamento. A consequência
dessa situação foi o leilão do imóvel, arrematado pela família Ferreira passos
residente em Nova Lima. Devido a essa transferência de propriedade, a fazenda
ficou por muito tempo abandonada e tornou-se ponto de parada de viajantes e
tropeiros que vinham de Crucilândia, Bonfim, Rio Manso, Brumadinho e outros
lugares para vender as suas mercadorias na capital de Minas Gerais. Por essa
ocasião a ermida existente no lugar foi violada e a imagem de porcelana de
Santa Rosa de Lima foi roubada, permanecendo desaparecida até os dias atuais.
Também consta que a cachoeira da Fazenda de Santa Rosa
possuía um grande volume de água e foi considerada a maior queda d’água da
região apontada por Nelson de Senna em 1909 como:
Impulsionado pela construção do ramal férreo da Estrada de
Ferro Central do Brasil, linha do Paraopeba, construída a partir da segunda
década do século XX, iniciou-se a transformação do território da Fazenda Santa
Rosa em um pequeno núcleo de povoamento distribuído linearmente acompanhando os
trilhos. O levantamento das edificações e a consequente inauguração do Conjunto
da Estação Ferroviária de Sarzedo em 20 de junho de 1917 foi que determinou o
processo de ocupação na região e favoreceu o surgimento do povoado que cresceu lentamente
no seu entorno.
Região predominantemente rural até o final do século XIX, o
local onde hoje se encontra o centro da cidade coincide com o lugar onde está
situado o conjunto arquitetônico da estação ferroviária. Conforme destacado
pelos depoimentos orais de antigos moradores a construção da estrada de ferro e
a inauguração da estação mudaram a vida do pequeno grupo de agricultores que
habitavam a região.
Os antigos moradores pertencentes à comunidade local,
fazendeiros e trabalhadores rurais que habitavam a região foram então
convidados a trabalhar com seus carros de boi no transporte de materiais para
construção da estrada de ferro “puxando pedras, areia e cimento”. A vida da
comunidade local e sua relação com o trabalho foram completamente modificadas a
partir daí. Até mesmo as tradicionais festas populares, muitas vezes realizados
no espaço onde foi construída a estação foram mudadas de lugar. Aos poucos o
trabalho da ferrovia, na extração e no transporte do minério também substituiu
a agricultura e a criação de animais.
A região do entorno da linha férrea, mais precisamente em
volta do conjunto da estação passou então a ser ocupada por trabalhadores que
chegaram para fixar residência no lugar, dando início a expansão do povoado.
Foram construídas pela Estrada de Ferro Central do Brasil, na parte abaixo e
tangenciando a linha, algumas moradias para abrigar funcionários da estrada de
ferro. Na parte superior, casas particulares foram erguidas aproximadamente no
início da década de 1930. Eram, de um lado, de propriedade de Antônio Afonso
Magalhães e construídas especialmente para alugar ou vender aos novos
moradores, e do outro, que foi ocupado a partir da década de 1940, pertencentes
a Eduardo Cozac, erguidas para abrigar o escritório e a residência de
funcionários da empresa Mineral do Brasil, a pioneira na exploração do minério
de ferro na região. Conforme relatos.
Com relação ao nome SARZEDO, além das fontes citadas, existe
uma versão de que o nome está associado a um antigo funcionário da Estrada de
Ferro Central do Brasil: Engenheiro espanhol: Francisco Sarzedo. Embora muitos
funcionários da Estrada de Ferro Central do Brasil tivessem sido realmente
homenageados como patronos de estações ferroviárias em Minas Gerais, essa
versão carece de fontes documentais que lhe dê sustentação.
Formação Administrativa
Distrito criado com a denominação de Sarzedo (ex-povoado),
pela Lei n.º 336, de 27-12-1948, subordinado ao município de Betim.
Em divisão territorial datada de 1-VII-1950, o distrito de
Sarzedo figura no município de Betim.
Assim permanecendo em divisão territorial datada de
1-VII-1960.
Pela Lei Estadual nº 2.764, de 30-12-1962, o distrito de
Sarzedo foi transferido do município de Betim para constituir o novo município
Ibirité.
Elevado à categoria de município com a denominação de
Sarzedo, pela Lei Estadual n.º 10.703, de 21-12-1995, desmembrado do município
de Ibirité. Sede no antigo distrito de Sarzedo. Constituído do distrito sede.
Instalado em 01-01-1997.
Em divisão territorial datada de 2001, o município é
constituído do distrito sede.
Assim permanecendo em divisão territorial datada de 2015.
Fonte
IBGE