Na tarde de 31 de outubro, municípios mineradores e afetados pela atividade mineral, filiados à Associação dos Municípios Mineradores de Minas Gerais e do Brasil (AMIG), reuniram-se para discutir temas fundamentais e atuais que impactam diretamente a atividade mineral no país.
A primeira pauta debatida no encontro, que teve lotação máxima no auditório da AMIG, foi o relatório da auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU) que revelou que o setor mineral tem sonegado fatia considerável da compensação financeira pela exploração de recursos minerais (CFEM). Segundo o levantamento, entre 2014 e 2021, 70% dos títulos minerários deixaram de pagar os "royalties" de mineração. Entre aqueles que pagaram, de 2017 a 2022, houve uma média de 40,2% de sonegação, um total de R$ 12,4 bilhões.
A associação também vai exigir
uma posição do Ministério Público em relação à sonegação apontada pelo TCU, que
utilizou de denúncias feitas pela própria AMIG para embasar seu relatório.
“A iniciativa beneficiará gestores municipais, legisladores e comunidades locais, oferecendo uma base sólida para decisões que promovam o desenvolvimento sustentável e a redução de desigualdades”, defende o presidente da AMIG, José Fernando. Com o apoio de fontes como DATASUS, IPEADATA, DATAVIVA, CEDEPLAR, RAIS, IBGE e ANM, o estudo deve produzir um relatório detalhado para orientar políticas mais justas e informadas, priorizando a qualidade de vida nas regiões mineradoras.
O estudo será conduzido pelos professores Fabrício Missio, presidente do IPEAD, e Renato Mogiz, superintendente da fundação. Com mais de 75 anos de atuação, a Fundação IPEAD tem como principais finalidades promover e apoiar o desenvolvimento científico, tecnológico e de inovação, a transferência de tecnologia a educação e a cultura, abrangendo o ensino, a pesquisa e a extensão da Universidade Federal de Minas Gerais e demais instituições apoiadas, além de efetuar pesquisas, estudos teóricos e aplicados, prestar serviços de consultoria e assessoria, ministrar treinamento especializado com o objetivo científico ou profissional, nas áreas de administração, ciências econômicas, demografia, ciências contábeis, controladoria e finanças e relações econômicas internacionais e outras áreas afins.
Mudanças estatutárias - A AMIG também anunciou a implementação de uma série de mudanças em seu estatuto para alinhar suas práticas à nova legislação e promover maior transparência em suas operações. As alterações, discutidas recentemente, incluem adaptações importantes para fortalecer a representação jurídica, ampliar a transparência dos processos de contratação e modernizar métodos de contribuição financeira.
1. Representação jurídica ampliada
Uma das alterações incluiu a possibilidade de a AMIG atuar em juízo como parte interessada em questões de interesse dos municípios associados, mediante procuração individual dos envolvidos. Essa medida permite que a associação represente melhor os interesses das cidades mineradoras, uma discussão já antiga e que agora será oficializada no estatuto.
2. Transparência e adequação dos processos de contratação
A AMIG também reforçou suas práticas de transparência. A partir de agora, todos os processos de contratação e compras serão publicados no site da associação, espelhando o padrão de transparência exigido para recursos públicos. A associação, que já adota práticas rigorosas de orçamento e contratos, agora formaliza essas normas no estatuto, em sintonia com as diretrizes estabelecidas pelo governo federal.
3. Restrições de contratação para evitar conflitos de interesse
Outra mudança importante é a inclusão de uma cláusula que proíbe a contratação de parentes de autoridades municipais e membros da associação para evitar possíveis conflitos de interesse. Esse ponto visa alinhar a AMIG com as melhores práticas de governança e é uma exigência da nova legislação.
4. Modernização de métodos de pagamento
Visando maior flexibilidade e acessibilidade, a AMIG também atualizou as formas de contribuição financeira dos associados, permitindo pagamentos por diversas modalidades, incluindo transferências bancárias e PIX. Essa mudança reflete a evolução das tecnologias financeiras e visa facilitar o processo para os municípios.
ssas atualizações no estatuto da AMIG não apenas garantem o cumprimento de requisitos legais, mas também modernizam a governança da associação, promovendo uma gestão transparente e eficiente para os municípios mineradores.