História
Itabira
Minas Gerais – MG
Histórico
“Descobriram-se, em 1698, as Minas Gerais, (sic) as do Ouro
Preto, as do Morro, as do Ouro Branco, as de São Bartolomeu, Ribeirão do Carmo,
Itacolomi, Itatiaia, Itabira”, escreve Rocha Pita, em sua “História da América
Portuguesa”, citada por Francisco Ignácio Ferreira, em seu “Dicionário
Geográfico das Minas do Brasil”, edição de 1885.
Apesar disto, a tradição local dá o ano de 1720 como ponto
de partida de sua história, iniciando-se com a aventura de dois mineradores
que, encontrando-se no Itambé, e divisando ao longe a característica silhueta
do pico mais tarde batizado de “cane”( em que em língua africana, significa
“irmãos”), para lá se dirigiram, encontrando ouro nos ribeiros que desciam das
encostas.
Os dois mineradores irmãos, Francisco e Salvador Faria de
Albanaz, que eram paulistas e descendentes de bandeirantes - os Camargos -
voltaram ao ponto de origem em busca de escravos, apetrechos e víveres,
retornando ao Caué; não se sabe, ao certo, por quanto tempo desfrutaram sós as
minas descobertas, mas a fama correu célebre e não faltaram concorrentes,
adquirindo direitos aos primeiros desbravadores, que vieram se fixar nas
redondezas. Pequenas cabanas foram surgindo pelas margens dos córregos.
Instalavam-se não muitos distantes uns dos outros, que o gentio em torno
impunha respeito e, não raro, investia contra os usurpadores de seus direitos
naturais, infligindo-lhes castigos severos. O provável, no entanto, é que estes
choques violentos fossem sistemáticos e só ocorressem por imprudência nas
relações de brancos e índios.
No fim do século XVIII, o povoado tomara consistência,
unificando-se mais ou menos para os lados do Córrego da Penha, já tendo início
os arruamentos de “Sant’Ana”, do Rosário” e dos “Padres”.
Conhece-se a data da chegada de alguns dos moradores que,
vindos depois dos irmãos Albanaz, fixaram-se nesse povoado; João Pereira da
Silva chegou em 6 de junho de 1737; Antônio Pereira da Silva, em 20 de setembro
de 1739; Antônio Lopes, padre Manoel do Rosário e João Ferreira Ramos, em 27 de
abril de 1764. Pouco mais tarde, chegaram Francisco da Costa Lage e Francisco
de Paula Andrade. Ainda por um antigo documento, sabe-se que a primeira mulher
a chegar ao local foi a senhora Maria do Couto.
A essa altura, se construi uma capela, escolhida Nossa
Senhora do Rosário como padroeira local.
Em 1827, o povoado já desenvolvido e livre dos ataques dos
índios, pela chegada de um Destacamento chefiado pelo capitão Francisco
Procópio de Alvarenga Monteiro, que os dizimara até a longínqua região de
Ferros, recebeu a categoria de “arraial”, pertencente à vila Nova da Rainha
(hoje, Caeté), e, na mesma época, elevava-se à freguesia.
A mineração do ouro entrou em declínio, o que não arrefeceu
o impulso inicial da povoação, pois, ao brilho sedutor do ouro, sucedia uma
nova riqueza mineral, menos bela e mais útil, o ferro.
Surgiram as primeiras forjas. Um dos pioneiros da nova
indústria foi o fundador: Domingos Barbosa, que se instruíra a respeito em
Mariana, sendo o primeiro construtor de forjas Manoel Fernandes Nunes. Não só
se fundia o minério de ferro, como dele manufaturavam-se variados objetos,
ferramentas e até armas, como as espingardas ali fabricadas e adquiridas pelo
próprio Governo Real, que financiava as fábricas.
Em 1867, subia a 84 o número de forjas nas regiões de
Itabira e Santa Bárbara, segundo afirma em um seu relatório o Conselheiro João
Crispim Soares. Ainda hoje no local denominado Girau, no distrito da sede,
persistem ruínas de algumas dessas forjas.
Daí para cá, o ferro tem sido o sustentáculo da vida
econômica do município, jamais tendo cessado a extração do minério em escalas
cada vez mais importantes. Saint-Hilaire, o ilustre visitante que percorreu o
Brasil, afirmou sobre as reservas minerais de Itabira que bastavam por si sós
para o suprimento integral de todo o mundo, por séculos. Suas serras, montes e
picos de “hematita” e “manganês” dão imponente testemunho de suas riquezas, em
muda concordância com a previsão de Saint-Hilaire. Modernamente, se admite
existência de minerais atômicos na área do município.
O padrão econômico dos moradores foi sempre elevado em
relação ao de outras zonas do Estado, permitindo às tradicionais famílias
locais a construção de grandes residências em estilo colonial, que ainda hoje
dão à cidade um aspecto senhorial e característico.
O centenário da elevação de sua sede à categoria de vila foi
comemorado em 1948, com grandes festividades cívicas.
Formação Administrativa
Distrito criado, com a denominação de Itabira de Mato
Dentro, pelo Alvará de 25-01-1827, e pela Lei Estadual n.º 2, de 14-09-1891,
sendo subordinado ao município de Caeté.
Elevado à categoria de vila, com a denominação Itabira de
Mato Dentro, pela Resolução de 30-06-1833, sendo desmembrado de Caeté. Tendo
sede na antiga povoação de Itabira de Mato Dentro e constituído do distrito
sede. Instalado em 07-10-1833.
Elevado à condição de cidade, com a denominação de Itabira,
pela Lei Provincial n.º 374, de 09-10-1848.
Pela Lei Provincial n.º 384, de 09-10-1848, e pela Lei
Estadual n.º 2, de 14-09-1891, é criado o distrito de São José da Lagoa e
anexado ao município de Itabira.
Pela Lei Provincial n.º 1.635, de 15-09-1870, e pela Lei
Estadual n.º 2, de 14-09-1891, é criado o distrito de Carmo de Itabira e
anexado ao município de Itabira.
Pela Lei Provincial n.º 1.758, de 01-04-1871, pela e Lei
Estadual n.º 2 ,de 14-09-1891, é criado o distrito de Santa Maria e anexado ao
município de Itabira.
Pela Lei Provincial n.º 2.876, de 20-09-1882, e pela Lei
Estadual n.º 2 ,de 14-09-1891, é criado o distrito de Dionísio e anexado ao
município de Itabira.
Pela Lei Municipal n.º 26, de 23-05-1894, e pela Lei
Municipal n.º 214, de 07-09-1901, é criado o distrito de Aliança e anexado ao
município de Itabira.
Em divisão administrativa referente ao ano de 1911 o
município é constituído de 5 distritos: Itabira, Aliança, Carmo de Itabira,
Santa Maria, São José da Lagoa.
Nos quadros de apuração do Recenseamento Geral de I-IX-1920
o município é constituído de 5 distritos: Itabira, Aliança, Nossa Senhora de
Itabira, Santa Maria e São José da Lagoa. Assim permanecendo em divisões
territoriais datadas de 31-XII-1936 e 31-XII-1937.
Pela Lei Estadual n.º 148, de 17-12-1938, é desmembrado do
município de Itabira o distrito de São José da Lagoa, elevado à categoria de
município com a denominação de Presidente Vargas. O mesmo Decreto altera os
nomes dos distritos de Santa Maria para Santa María de Itabira e de Nossa
Senhora de Itabira para Senhora do Carmo.
No quadro fixado para vigorar no período 1939 a 1943 o
município é constituído de 4 distritos: Itabira, Aliança, Santa Maria de
Itabira e Senhora do Carmo.
Pela Lei Estadual n.º 1.058, de 31-12-1943, o município de
Itabira passou a denominar-se Presidente Vargas e o distrito de Aliança passou
a chamar-se Ipoema. Ainda pelo mesmo Decreto-lei é desmembrado do município de
Itabira o distrito de Santa Maria do Itabira, elevado à categoria de município.
Pelo Decreto n.º 2.430, de 05-03-1947, o município de
Presidente Vargas voltou a denominar-se Itabira.
Em divisão territorial datada de 1-VII-1960 o município é
constituído de 3 distritos: Itabira, Ipoema e Senhora do Carmo. Assim
permanecendo em divisão territorial datada de 2014.
Fonte
IBGE