Em reunião
com a Amig, Vale anuncia apoio econômico às cidades mineradoras
Mineradora irá oferecer
compensação temporária reavaliada a cada três meses aos municípios. Vale tem
plano de requalificar empregados para o descomissionamento de barragens e
evitar demissões
Foi com a promessa de manter o diálogo permanente com as
prefeituras dos municípios mineradores e a proximidade para ouvir as demandas
locais, que a diretoria da Vale recebeu os representantes a Associação de
Municípios Mineradores de Minas Gerais e do Brasil (Amig) e os prefeitos de
Nova Lima, Itabirito, Congonhas, Mariana, Itabira, São Gonçalo do Rio Abaixo,
Belo Vale e Barão de Cocais, realizada no dia 29 de março. No encontro, o
diretor-executivo de Sustentabilidade e Ralações Institucionais da Vale, Luiz
Eduardo Osório, anunciou que a mineradora irá oferecer um apoio econômico
temporário para as cidades mineradoras, que será reavaliado e aprovado há cada
três meses. Ele acrescentou que a doação será avaliada individualmente com cada
uma da prefeituras.
O consultor de Relações Institucionais da Amig, Waldir
Salvador, ressalta que o estabelecimento de uma nova relação e o apoio às
prefeituras é essencial para iniciar o processo de diálogo. “É fundamental que
a Vale mantenha essa acessibilidade de forma transparente e definitiva através
de reuniões regulares com as prefeituras, especialmente porque o apoio de três
meses não muda a realidade dos municípios. Além disso nossos problemas não
limitam a arrecadação da Compensação Financeira pela Exploração Mineral (Cfem).
Temos problemas de insegurança por causa das barragens, desemprego,
encolhimento da economia local, dentre outros”, afirma. A Vale esclareceu que a
ajuda não está legalmente relacionada aos repasses da Cfem e se comprometeu em
manter um fórum de diálogo mensal com a Amig e também com os prefeitos. A AMIG
deixou claro na reunião que quer um diálogo direto com asa empresas, “sem
intermediários”.
O presidente da Amig, Vitor Penido, destacou que todos os
municípios sabem da importância que a mineração possui e que o diálogo com as
prefeituras é fundamental. “Estamos aqui para somar na defesa da atividade
minerária e também pela economia das cidades, mas manteremos nos firmes na
cobrança por uma ,”
disse.
Humildade
Luiz Eduardo Osório salientou em sua fala que a Vale precisa
de um gesto de humildade, de deixar a arrogância de lado, destacando a
importância das cidades mineradoras. “As pessoas não moram nos estados ou na
União, mas sim nos municípios. Por isso, defendo uma mudança de postura da
companhia, aceitando as críticas e assumindo o compromisso de uma empresa
cidadã, aberta à escuta e ao diálogo permanente, franco e transparente”. O
executivo ressaltou ser fundamental reconstruir a história da mineração nos
municípios e em Minas Gerais, defendendo que ela seja sustentável, segura e que
fomente os municípios. “Esse é o nosso compromisso”, enfatizou.
Durante o encontro os prefeitos puderam relatar e projetar os
impactos econômicos e sociais em áreas como educação, saúde, transporte, que
inviabilizam os municípios e também as perdas nas áreas de turismo e comércio.
Até mesmo a evacuação da população próxima às barragens tem causado impactos do
trânsito e repercutido negativamente. A Vale esclareceu que as evacuações são
feitas em conjunto com a Polícia e a Defesa Civil e são organizadas de forma a
evitar transtornos à população.
Condições das barragens
O diretor- executivo de Minério de Ferro da Vale, Cláudio
Alves, disse que como o rompimento da barragem em Brumadinho ainda não teve as
causas efetivamente esclarecidas e sendo matéria de investigação, criou-se um
ambiente de insegurança e incerteza, que levou todas as empresas de auditoria
envolvidas com os laudos de segurança a elevarem os padrões de cálculo da
estabilidade das barragens. Embora não tenha ocorrido uma mudança nas condições
das barragens, foram adotados critérios mínimos mais rigorosos. “O processo de
certificação de segurança de todas as barragens estão sendo finalizadas para a
certificação. Serão analisadas todas as 105 barragens da Vale que existem no
estado”, informa.
O prazo de encerramento para a entrega do laudo de
estabilidade, foi no dia 31 de março. De acordo com Cláudio existem sete
barragens com alerta de risco sendo que quatro estão com o alerta 3 e outras
três estão com alerta 2 e não há perspectivas de incluir mais nenhuma barragem
em alertas 2 ou 3, que levariam a uma evacuação. As estruturas de maior risco
já tiveram o plano de ações de emergência de barragens minerais acionados e as
populações foram evacuadas. “Não há perspectiva de acionar mais nenhum plano, a
não ser que haja alguma ação do Mistério Público”, explica.
Os executivos informaram ainda que o processo de
descomissionamento das barragens será realizado no menor tempo possível, sendo
necessário a interrupção das atividades. Foram desativadas para
descaracterização, barragens construídas pelos método de alteamento a montante:
Vargem Grande, Minas de Abóboras, Fourquilhas I, II e III e Grupo, Mina de
Fábrica, B3 e B4, Mina de Mar Azul, Sul Superior, Mina de Gongo Soco,
Fernandinho, Mina Abóboras, 8B, Mina de Águas Claras, B1 e Mina de Córrego do
Feijão, que apesar de ter se rompido também será descomissionada.
A Vale deu entrada no processo para o descomissionamento das
barragens no dia 22 de março e cada um será tratado de forma individualizada e
que pode levar em média a três anos.
A Vale confirmou também que a diminuição da produção mineral
no Estado de 40 milhões de toneladas por ano é irreversível pelo período de um
a três anos para o descomissionamento
das barragens.
Desemprego
Cláudio Alves informou que para a realização dos projetos de
descomissionamento haverá uma demanda grande de mão-de-obra e a Vale tem como
plano, requalificar os empregados sem provocar demissões. Quanto às unidades
paralisadas por ordem judicial ainda não há uma definição sobre como proceder.
Luiz Eduardo Osório afirmou ainda que a Vale não tem planos
de sair de Minas Gerais e entende o compromisso que possui com o estado.
“Estamos preparando investimentos econômicos e de desenvolvimento social para
Minas Gerais, inclusive para ajudar na busca de novas vocações nas áreas
econômica, educacional, aproveitamento de rejeitos e também com novos projetos
nas áreas de metálicos e de energia”, disse.