Encontro Técnico da AMIG reúne municípios mineradores para debater os impactos da Reforma Tributária na gestão municipal

A Associação dos Municípios Mineradores de Minas Gerais e do Brasil (AMIG) promoveu, nesta terça-feira (18), no auditório do CREA-MG, o primeiro Encontro Técnico Itinerante do ano. O evento reuniu prefeitos e gestores municipais para discutir os impactos

Coordenado pela nova consultora em Reforma Tributária da AMIG, a advogada e mestre em Direito Público pela PUC Minas, Flávia Vilela, o encontro teve como objetivo esclarecer as mudanças trazidas pela reforma e seus efeitos diretos nos municípios mineradores e afetados pela atividade mineral. Segundo Marco Antônio Lage, presidente da AMIG e prefeito de Itabira, é fundamental que os gestores municipais compreendam as implicações da reforma para garantir a sustentabilidade financeira dos municípios.“A AMIG está nesta luta para defender as receitas, o presente e o futuro dos orçamentos dos municípios mineradores e afetados, que possuem custos muito elevados”, afirmou Lage.

A AMIG tem acompanhado de perto os desdobramentos da Reforma Tributária desde o início, orientando os municípios afiliados e fornecendo suporte técnico para enfrentar os desafios desta mudança. Para embasar tecnicamente as discussões, a associação contratou um estudo da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), desenvolvido pelo Cedeplar, que analisou os impactos da Reforma Tributária sobre os municípios mineradores. A pesquisa concluiu que, da forma como está estruturada, a reforma pode gerar perdas de até 20% ao longo dos anos para essas cidades, afetando diretamente o financiamento de serviços essenciais.

“A associação tem investido em conhecimento e pesquisa para defender os municípios. Precisamos difundir essas informações para que todos tenham consciência dos impactos e possam atuar para minimizar os danos”, ressaltou Lage.

Paineis discutem efeitos e alternativas para os municípios

O evento foi estruturado em quatro paineis temáticos, abordando diferentes aspectos da Reforma Tributária e seus impactos nos municípios mineradores. O primeiro painel trouxe uma análise geral da reforma, comparando o modelo tributário atual com o novo sistema proposto, destacando as principais mudanças e desafios para os municípios.

No segundo painel, foram discutidos os impactos da reforma nas receitas municipais, com foco em tributos essenciais para a arrecadação das cidades, como o Fundo de Participação dos Municípios (FPM), o Valor Adicionado Fiscal (VAF), a Compensação Financeira pela Exploração Mineral (CFEM), o Imposto sobre Bens e Serviços (IBS), o Imposto sobre Serviços (ISS), o Imposto sobre a Transmissão de Bens Imóveis (ITBI), o Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) e a Contribuição para o Custeio do Serviço de Iluminação Pública (COSIP).

O terceiro painel foi dedicado à discussão dos mecanismos de compensação criados para minimizar as perdas dos municípios, como os fundos de compensação e os incentivos fiscais, que poderão ser utilizados para equilibrar a arrecadação durante a transição para o novo modelo tributário.

Encerrando o ciclo de debates, o quarto painel tratou da representatividade dos municípios na tributação sobre o consumo, analisando a autonomia municipal e o papel do Comitê Gestor na administração do novo sistema tributário. O painel destacou a importância da atuação dos municípios na defesa de seus interesses e na fiscalização da correta aplicação das novas regras.

Flávia Vilela destacou a importância de preparar os municípios para a transição, orientando sobre mecanismos de fiscalização e estratégias para minimizar os impactos negativos.“A AMIG criou esta consultoria justamente para acompanhar os municípios nesse grande desafio. Sabemos que será uma mudança profunda e precisamos estar preparados para implementar as novas regras da melhor forma possível”, afirmou Vilela.

Gestores municipais expressam preocupação com perdas de arrecadação

Prefeitos e secretários municipais relataram suas preocupações sobre os impactos da Reforma. Danilio Clessio Ferreira, prefeito de Alvorada de Minas, alertou para as perdas significativas que sua cidade poderá enfrentar.“Nós dependemos muito desses impostos. Com a reforma, teremos dificuldades para manter serviços essenciais e investir no desenvolvimento local”, afirmou Ferreira.

Walter Gonçalves, secretário de Fazenda de Brumadinho, destacou que o município, um dos maiores produtores de minério do país, poderá perder cerca de R$ 27 milhões em arrecadação.A redistribuição dos tributos favorece os municípios que consomem mais, enquanto cidades produtoras, como Brumadinho, perdem recursos. Precisamos buscar alternativas para diversificar nossa economia”, disse Gonçalves.

Fábio Vasconcelos, prefeito de Jeceaba, também demonstrou preocupação com o futuro da arrecadação municipal.“Nosso município tem apenas 6.400 habitantes e depende muito da arrecadação que advém da mineração, afinal Jeceaba é diretamente afetada pela atividade. Com a reforma, podemos perder uma parte significativa da nossa receita, impactando serviços essenciais como saúde e educação”, alertou Vasconcelos.

Marco Antônio Lage ressaltou que a AMIG continuará promovendo encontros técnicos e dialogando com os governos estadual e federal para buscar soluções que preservem a arrecadação dos municípios mineradores. “O debate sobre a regulamentação da Reforma Tributária seguirá como uma prioridade para a AMIG e os municípios associados, que buscam garantir a sustentabilidade financeira e o desenvolvimento das cidades impactadas pela atividade mineradora.”