“O sistema da Fundação Renova é muito burocrático e impede o avanço dos programas sociais”, afirma prefeito de Mariana (MG)

Cinco anos depois a cidade ainda sofre os impactos dos rompimentos da barragem

O dia 5 de novembro de 2015 mudou para sempre o destino de Mariana (MG), foi a data do rompimento da barragem de Fundão, pertencente à Samarco. O acontecimento gerou graves problemas socioambientais.

Contabilizaram 19 vidas perdidas, sendo que uma das vítimas não teve seu corpo recuperado até o momento. Cerca de 700 mil cidadãos, que viviam ao longo da Bacia do Rio Doce, foram afetados por 40 milhões de metros cúbicos de rejeitos de minérios de ferro, especialmente  os pescadores tiveram seu sustento prejudicado.

Um alto consumo de medicamentos para depressão, ansiedade e insônia, que em Mariana aumentaram após o rompimento em mais de 160%.

Devido ao rompimento, o prefeito de Mariana, Juliano Duarte informou que a Samarco precisou paralisar suas atividades o que prejudicou a economia local.  “Como consequência tivemos queda na arrecadação da CFEM, alto índice de desemprego, a prefeitura não conseguiu dar continuidade a projetos municipais e foi necessário demitir servidores públicos”, afirmou Juliano

O prefeito reiterou que além do grande impacto ambiental sofrido, Mariana nunca passou por um índice de desemprego tão alto como após 2015 e que, devido à queda na renda da população os gastos públicos aumentaram. Cidadãos sem plano de saúde começaram a recorrer mais ao SUS e a matricular os filhos em escolas públicas.

Quase de cinco anos, Mariana perdeu cerca de R$ 8 milhões anualmente. A situação começou a melhorar apenas em 2020, com o aumento da arrecadação de CFEM devido à valorização das commodities minerais.

Em 2020, a Samarco deveria retornar com suas operações regulares, porém somente em 2021 a empresa retornou com seu primeiro de três concentradores. A demora na retomada ocorreu porque a mineradora precisa se adaptar à nova legislação, possuindo apenas barragens de resíduos secos.

A Fundação Renova é uma entidade sem fins lucrativos responsável pela mobilização da reparação dos danos causados pelo rompimento da barragem. A instituição tem se mostrado ineficiente em promover corretamente sua função frente aos afetados.

“É uma lentidão muito grande, a população está insatisfeita. O sistema da Fundação Renova é muito burocrático e impede o avanço dos programas sociais, entre eles, de saúde e educação”, conta Duarte.

 

OURO PRETO

O rompimento da Barragem de Fundão afetou drasticamente o município de Ouro Preto. As instalações da Samarco e suas jazidas em exploração situam-se no distrito de Antônio Pereira, que pertence à cidade.

“Com a tragédia e a suspensão das atividades, os prejuízos foram tremendos no distrito de Antônio Pereira e na economia de Ouro Preto, com centenas de desempregados e queda brutal na arrecadação. Uma análise objetiva da situação geográfica, social, econômica e cultural demonstra claramente esse impacto negativo”, conta o prefeito do município, Ângelo Oswaldo de Araújo Santos.

O prefeito lembra que a Samarco firmou um protocolo com Ouro Preto, em 23 de dezembro de 2020, visando as licenças para o retorno de suas operações que não foi cumprido. “As medidas previstas e anunciadas se arrastam com impressionante lentidão. Além disso, a Samarco e suas empresas parceiras entraram na Justiça Federal contra decisão favorável ao reconhecimento de Ouro Preto como município vitimado, o que é uma nova agressão  que sofremos. A Samarco e a Vale estão chancelando uma iniciativa absurda, tentando encobrir a verdade dos fatos”, afirma.

A Fundação Renova também não reconhece a decisão da 12ª Vara da Justiça Federal de Belo Horizonte, que determinou Ouro Preto como vítima do desastre.  “A Fundação Renova, pratica uma série de atividades altamente questionáveis, à revelia das reais necessidades dos municípios atingidos”, ressalta Ângelo.