Mineradora capta US$ 45 milhões para extrair lítio em Minas Gerais

Estado de Minas 

Sigma Mineração vai iniciar obras de projeto de extração do material usado para produção de baterias de carros elétricos ainda este ano, em Itinga, no Vale do Jequitinhonha

Empresa aposta em práticas de preservação do meio ambiente e baixo custo para incluir uma das regiões mais pobres do país na cadeia de produção global de baterias de lítio - (foto: Divulgação/Sigma)

A empresa Sigma Mineração, subsidiária da canadense Sigma Lithium, anunciou acordo para financiamento do projeto da companhia para extrair lítio, matéria-prima das baterias dos carros elétricos, na região conhecida como Grota do Cirilo, em Itinga, no Vale do Jequitinhonha. A mineradora captou US$ 45 milhões com o banco Société Générale.

A previsão é de que as obras comecem no quarto trimestre deste ano e a produção seja iniciada em dezembro de 2021. O estudo técnico da mina estima capacidade inicial para 220 mil toneladas de concentrado de óxido de lítio por ano, mas a empresa ainda pretende dobrar a produção.

O valor financiado pelo Société Générale representa a maior parte dos recursos necessários pra iniciar a construção, de US$ 74 milhões. O contrato tem duração de seis anos, com dois anos de carência inclusos. O restante virá de contrato antecipado de venda de lítio para o grupo japonês Mitsui, de US$ 27 milhões. A Sigma ainda vai fazer investimento adicional de US$ 10 milhões.
             
Segundo a companhia, US$ 58 milhões do valor total serão gastos com a planta industrial e infraestrutura. O custo de pré-produção da planta e da mina é de US$ 12 milhões, e contratos de engenharia, suprimentos e construção totalizarão US$ 4 milhões. A soma desses valores deve ser investida nos próximos 15 meses. Além disso, para acionar a planta serão necessários mais US$ 8 milhões de capital de giro.

O empreendimento pretende inserir uma das regiões mais pobres do país na cadeia de produção global de baterias para carros e ônibus elétricos, com a geração de 300 vagas de emprego diretas. Segundo a empresa, o concentrado de lítio extraído da mina é de alta qualidade, com teor superior a 6%, ideal para a fabricação de baterias.

Verde e baixo custo 
A companhia aposta na natureza verde do negócio para atrair investimento. A extração será feita com processamento a seco do minério de lítio, o que dispensa as barragens de rejeitos, sistema usado nas estruturas das mineradoras Samarco e Vale que romperam, respectivamente, em Mariana e Brumadinho. Além disso, 90% da água usada será reciclada, e a energia vem de uma hidrelétrica próxima.

Outra característica do empreendimento que a empresa destaca é o baixo custo de operação. “O abrangente plano de financiamento permitirá à Sigma fazer a transição do projeto Grota do Cirilo para o próximo produtor global de lítio de baixo custo, fortalecendo ainda mais sua vantagem competitiva de baixo preço de ponto de equilíbrio, para suportar e prosperar em futuros ciclos de mercado”, afirma Ana Cabral Gardner, estrategista-chefe da Sigma.

Segundo Ana Gardner, o acordo de financiamento “marca outro passo importante, estabelecendo a base de uma estrutura de capital sustentável e de baixo custo e ampliando substancialmente a flexibilidade financeira da Sigma para gerenciar o aumento da construção e produção."
 
*Estagiário sob supervisão da sub-editora Marta Vieira