Na primeira semana de junho o presidente da AMIG e prefeito de Conceição do Mato Dentro (MG), José Fernando Aparecido de Oliveira, membros da diretoria e funcionários da Associação marcaram presença em palestras e seminários com a finalidade de estimular a preservação de municípios mineradores nos quesitos ambiental, social e econômico.
Na pauta estava a assinatura de um protocolo de intenções entre a AMIG e o ICLEI (Local Goverments for Susteinability), com o objetivo de incentivar e promover ações focadas em preservação ambiental e desenvolvimento social. A plenária ocorreu na Fundação Dom Cabral (MG), com a presença de membros da prefeitura de Nova Lima, do Consulado Britânico, do Governo do Estado de Minas Gerais e do Instituto Espinhaço.
Durante a solenidade, Rodrigo Perpétuo, secretário executivo da entidade na América do Sul, afirmou a importância de alavancar o avanço da pauta verde na gestão pública e da descarbonização da economia.
Para ele o capitalismo passou por uma transição. Segundo Rodrigo, antes o modelo econômico visava principalmente o lucro e hoje busca o desenvolvimento atrelado a causa ambiental. “Antes tínhamos o capitalismo de serviço e estamos migrando para o capitalismo de valores e propósito”.
O presidente da AMIG destacou a importância da mineração, em sua participação na plenária, como geradora de emprego e renda, mas reiterou que a atividade precisa compensar devidamente os territórios por cederem o espaço minerado.
“A AMIG tem em sua missão a busca por uma mineração justa, que deixe um legado. Precisamos promover o crescimento da renda, trazido com a mineração, atrelado ao desenvolvimento de toda sociedade civil”, afirmou José Fernando.
O líder da Associação explicou que a entidade pauta seus projetos em três tripés: Segurança, para que a população não tema acidentes ligados a mineração; sustentabilidade, de modo a mitigar danos ambientais; e diversificação econômica, priorizando a saúde financeira das cidades e suas populações através da redução da dependência do segmento mineral.
Assinatura do protocolo de intenções. Da esquerda à direita: Rodrigo Perpétuo,
Na plenária, Lucas Brown, Consul do Reino Unido em Minas Gerais, explicou a necessidade da mineração para a sociedade, inclusive como atividade produtora de tecnologia sustentável, como carros elétricos e placas solares.
De acordo com Lucas é necessário trabalhar com planejamento sobre a atividade mineral. Para exemplificar seu argumento, ele abordou cases sobre como a ausência da definição de metas prejudicou países europeus. “O Reino Unido tem um histórico de minas abandonadas e encerramento de atividades minerais abruptas que impactaram diretamente a economia”.
O prefeito de Nova Lima e diretor administrativo da AMIG, João Marcelo Dieguez, também assinou o protocolo de intenções. Em seu discurso, disse que o poder público pode direcionar recursos para planos compatíveis com a realidade de cada município minerado, ação que foi colocada em prática na prefeitura da qual é gestor.
“Conseguimos promover a diversificação da economia ao entender a vocação da cidade para determinados negócios, entre eles, empreendimentos na área da saúde e do ramo da tecnologia e inovação”, contou João Marcelo.
ADAPTAÇÃO DE ECONOMIAS LOCAIS
As agendas incluíram as palestras, no Expominas em Belo Horizonte (MG), do Projeto Estadual de Reconversão Produtiva em Territórios Minerados. A ação ocorre em parceria com a AMIG, o IBRAM (Instituto Brasileiro de Mineração), a FIEMG (Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais), o Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresa) e o BDMG (Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais).
O projeto oferece instrumentos para apoiar lideranças públicas e empresariais na formação de uma governança local, capaz de construir estratégias de redução à dependência financeira da mineração e de desenvolvimento sustentável.
Na cerimônia de abertura das palestras ligadas ao projeto, as entidades parceiras trataram da importância de pensar a mineração a longo prazo nos municípios, formas de prepará-los para a exaustão mineral e a mitigação dos danos ambientais.
O prefeito de Itabira e diretor de meio ambiente da AMIG, Marco Antônio Lages, que participou da abertura, usou o espaço para alertar sobre a demanda dos municípios por um planejamento estadual efetivo sobre a atividade de mineração. Na oportunidade, ele citou como exemplo a insegurança vivida pela cidade da qual é gestor, devido ao iminente encerramento das atividades da Vale S.A. no município.
“Ninguém vive sem a mineração, ela está em tudo que usamos no dia-a-dia, mas é necessário evoluir para um modelo de ações efetivas que preparem para o futuro”, disse Marco Antônio.
Também representou a AMIG nas palestras a economista Luciana Mourão, que compõe a participação da entidade dentro do projeto de reconversão desde 2018.
Para a economista foi importante ter a presença de representantes do Governo de Minas Gerais ao longo do evento. “Além de mostrarem o plano anual de mineração, as governanças locais puderam testemunhar que o Estado reconhece a importância de planejar o desenvolvimento sustentável e deseja que os poderes regionais mantenham sua participação no projeto”.
No seminário, o Estado também definiu a atividade mineral como imprescindível para o desenvolvimento socioeconômico de Minas Gerais e mostrou estar se mobilizando para diminuir a dependência econômica do segmento.