Mineração
da Vale na Serra dos Carajás Foto: Marcos Arcoverde/Estadão
Sede dos principais projetos da Vale, o S11D e Carajás, o Pará levantou R$ 1,035 bilhão com royalties de janeiro a junho. O montante representa um crescimento de 11% frente ao primeiro semestre do ano passado,
quando passou Minas pela primeira vez no ranking. Palco da tragédia da barragem de Brumadinho em janeiro de 2019, Minas Gerais viu sua receita recuar 10,5% na primeira metade de 2020, para R$ 834,5 milhões. Desde o rompimento da barragem o estado vem enfrentando a
paralisação de operações
da Vale.
“Essa
queda (de arrecadação) em Minas tem duas principais causas: a dificuldade da
Vale para voltar a operar com todas as suas operações de minério de ferro e o
fato de a CSN estar em período de transição, diminuindo a produção de hematita
para aumentar a de itabirito, um minério mais pobre”, diz Waldir Salvador,
consultor de relações institucionais e econômicas da Amig.
A economista da entidade, Luciana Mourão, diz que a
expectativa de médio prazo é que a Vale só recupere a capacidade de produção
que tinha nas estruturas que foram paralisadas até o final do primeiro semestre
de 2021. A despeito das dificuldades na retomada total, o Grupo Vale respondeu
por 53,67% (R$ 1,34 bilhão) do total de CFEM pago nos seis primeiros meses do
ano. Em seguida vêm Anglo American (7,90%) e CSN (5,88%).
Os dados mostram que o minério de ferro continua sendo o
carro-chefe da mineração brasileira. A commodity respondeu por 75,22% da CFEM
gerada no período. Os preços do minério têm se mantido em alta, ancorados na
redução da oferta global pela Vale desde o ano passado. Mais recentemente as
preocupações com uma eventual interrupção de oferta do Brasil por causa da
covid-19 e a retomada da economia chinesa ajudaram a impulsionar ainda mais a cotação do produto, que atingiu a
máxima de US$ 103 por tonelada em junho.
“O que se espera é que no curto prazo os preços se mantenham
altos. Com a normalização da oferta global, deve haver uma pressão nas cotações
e o preço deve cair no segundo semestre de 2020”, analisa Luciana.
Na balança comercial brasileira o minério de ferro e seus
concentrados ocuparam o terceiro lugar no ranking das exportações brasileiras,
com 9,27% do total de janeiro a junho. As exportações brasileiras de minério de
ferro e seus concentrados atingiram US$ 9,4 bilhões, uma queda de 3,7% em
relação ao primeiro semestre de 2019. Já o volume exportado, houve recuou 10,7%
em relação ao ano passado.
Mesmo no cenário da pandemia da covid-19 a China segue como
o principal destino do minério brasileiro, respondendo por 66,10% do total
exportado na primeira metade de 2019, seguida Malásia (8,14%) - onde a Vale tem
um centro de blendagem de minério -, Japão (4,12%)e Holanda (3,44%).