O mercado de aços planos parece ter começado a reagir em meio aos impactos do novo coronavírus (Covid-19) e das medidas de distanciamento social adotadas como forma de combate à doença.
As vendas pelas distribuidoras no País apresentaram alta de 26,4% em relação a abril, atingindo o montante de 209,8 mil toneladas. Sobre o mesmo mês do ano passado, porém, manteve a curva de declínio e apurou queda de 22%.
“Provavelmente o fundo do poço foi em abril”, constatou o presidente do Instituto Nacional dos Distribuidores de Aço (Inda), Carlos Loureiro, ao comentar os números. Segundo ele, o desempenho de junho deverá manter o ritmo e registrar estabilidade frente ao mesmo período de 2019 – o que diante do cenário é bastante positivo.
“As vendas de junho do ano passado foram bem ruins. Mas, de qualquer maneira, empatarmos já será razoável”, disse em alusão as 247,5 mil toneladas comercializadas pelas associadas do Instituto no sexto mês de 2019, o que representou alta de 21,9% no comparativo com o mesmo período de 2018. Sobre maio deste ano esperamos aumento de 18%
Assim, a entidade reviu, mais uma vez, as projeções para 2020. A expectativa no início do ano era de encerrar o exercício com crescimento de 5% tanto em vendas quanto em compras sobre 2019. Com o desempenho impactado pela pandemia, no mês passado, já se falou em uma queda de 25% das vendas, considerando uma possível recuperação do mercado no segundo semestre. Agora, a estimativa é de retração entre 10% e 15%.
“Não dá para pensar numa recuperação total do setor, apenas em diminuir os impactos. Crescimento só no ano que vem, pois 2020, definitivamente, será um ano negativo”, resumiu. Sobre as vendas de maio, Loureiro lembrou que foram puxadas pela demanda relacionada a construção civil.
Conforme o balanço, as compras do último mês registraram alta de 10,8% perante abril, com volume total de 198,5 mil toneladas sobre as 179,1 mil do mês anterior. Na comparação com maio do ano passado (246 mil toneladas), apresentou queda de 19,3%.
Assim, em número absoluto, o estoque de maio apresentou queda de 1,3% em relação ao mês anterior, atingindo o montante de 848,8 mil toneladas. E o giro de estoque fechou também em declínio, com 4 meses.
Importações – Por fim, as importações encerraram o quinto mês deste ano com alta de 32% em relação a abril, com volume total de 74,8 mil toneladas. Comparando-se à igual época de 2019, quando foram registradas 126,8 mil toneladas, as importações apuraram baixa de 41%.
GERDAU ANUNCIA RETOMADA EM OURO BRANCO
A Gerdau confirmou a retomada do o alto-forno 2 da usina de Ouro Branco, na região Central de Minas, nas próximas semanas. Abafado desde abril, em consequência da crise provocada pela pandemia do novo coronavírus (Covid-19), que reduziu a demanda dos setores da indústria e construção civil por aço, o equipamento voltará à operação no próximo dia 1º de julho.
Em comunicado à imprensa, a siderúrgica informou que a decisão visa à otimização de custos e o abastecimento regular de suas unidades no Brasil e das coligadas localizadas em outros países das Américas. A empresa reforçou, ainda, a diversificação de sua matriz produtiva como um diferencial competitivo importante.
“Isso permite que a companhia ajuste sua rota de produção para atender de forma integral a sua demanda por aço. O alto-forno 2 possui capacidade instalada anual de 1,5 milhão de toneladas”, disse no documento.
O equipamento ficou abafado por três meses, a partir da publicação do fato relevante divulgado ao mercado no dia 3 de abril, que trouxe outras informações acerca da propagação do Covid-19 pelos diversos países em que a Gerdau atua.
“No Brasil, ocorrerão paralisações em suas diferentes aciarias elétricas e laminações de aços longos, durante o mês de abril. Adicionalmente, durante esse mês, teremos a parada do alto-forno 2 de Ouro Branco – MG, que possui uma capacidade instalada de 1,5 milhão de toneladas anuais. Essas iniciativas se devem à redução da demanda principalmente nos setores da indústria e da construção civil. O alto-forno 1, em Ouro Branco – MG, com capacidade de 3 milhões de toneladas anuais, segue operando normalmente”, informou a companhia na época.
A retomada do equipamento ocorre no momento em que a empresa acompanha a recuperação gradual na demanda vinda, principalmente da construção civil, conforme já publicado.
Maior produtora de aços longos das Américas, a Gerdau viu as encomendas no Brasil caírem 60% nas duas últimas semanas de março em relação aos níveis de janeiro e fevereiro, mas na segunda quinzena de abril observou retorno de parte dos pedidos.
Programado – No início de maio, o presidente-executivo da Gerdau, Gustavo Werneck, antecipou, em teleconferência com jornalistas, que já havia programação de religar o equipamento. Na ocasião, o executivo comentou os resultados da siderúrgica no primeiro trimestre de 2020, cujo lucro líquido caiu cerca de 50% sobre a mesma época do ano passado.
Ele disse também que em maio poderia haver queda de 25% nos pedidos ante janeiro e fevereiro a partir de uma recuperação mais consistente, especialmente na construção civil. Werneck citou os planos de lançamentos de imóveis residenciais de construtoras no segundo semestre como justificativa.
A perspectiva positiva, aliada a queda na inadimplência de clientes nas últimas semanas, incentivou a companhia a religar aciarias que tinha desligado no Brasil por conta do impacto inicial na demanda por aço gerado pela epidemia de Covid-19. O foco, porém, está no abastecimento da usina e não há perspectiva de exportações adicionais de minério de ferro.