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A diversificação econômica urge em municípios mineradores, escreve Vitor Penido

2020 se mostrou ano de muitos desafios com covid-19, recuperação ficou longe empresas devem oferecer colaboração Fiat em Betim (MG) é exemplo a seguir


Cidade de Itabira


Com um início de ano tão conturbado e notícias de resultados negativos para a economia, não existe brasileiro que não se questione sobre o futuro do nosso país. O caos começou em janeiro, com a constatação da queda na produção de minério de ferro no ano passado e o chamado ‘Efeito Brumadinho’, que é a paralisação das atividades da Vale S.A. de forma preventiva para obras de descomissionamento de barragens em 10 municípios mineiros. Na ocasião, a mineradora havia confirmado que sua produção havia despencado exatos 21,5% em 2019.

Em fevereiro, um volume de chuvas muito acima da média devastou cidades e rendeu prejuízos incalculáveis. Já em março, o número de casos de infecção do novo coronavírus aumenta pelo país, causando a maior crise sanitária, social e econômica das últimas décadas. Enfim, 2020 trouxe uma sequência de fatos na nossa economia que deixarão sequelas gravíssimas por muito tempo.

Enquanto isso, a indústria nacional de mineração registrou produção de 220 milhões de toneladas no 1º trimestre, uma queda de 17,7% frente ao mesmo período do ano anterior, segundo levantamento do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram). Se ainda tínhamos esperança de recuperação, é melhor esquecer: a chegada da Covid-19 ao país afetará não apenas os níveis de produção das mineradoras, mas todos os investimentos previstos para os próximos anos.

Para os municípios mineradores, esse cenário é visto com extrema preocupação e coloca em xeque o nível de atenção do poder público e da indústria para a urgente e imprescindível diversificação econômica nos municípios mineradores brasileiros. Trata-se da sobrevivência das cidades e das regiões das cidades mineradoras, questão que nunca teve a atenção devida dos poderes públicos constituídos e das próprias mineradoras, sobretudo pela força dessas empresas diante do estado e do segmento empresarial, especialmente sua cadeia de fornecedores de insumos e serviços.

Infelizmente, ainda temos um cenário no qual a economia dessas cidades e regiões, de modo geral, é frágil, quase que exclusivamente dependente da indústria extrativista. Para exemplificar, a cidade de Itabira, uma das pioneiras na extração de minério de ferro e berço da Vale S.A., em menos de 10 anos, verá o esgotamento da exploração. Agora, a cidade corre contra o tempo para buscar alternativas de receitas, sendo que uma das apostas é transformar-se em um polo de formação de mão de obra para a área tecnológica.

Quando levantamos o debate da diversificação econômica em municípios mineradores, é clichê surgir o pensamento utópico de que a melhor saída é a substituição por atividades como turismo e agricultura. No entanto, grande parte da sociedade compreende as limitações desses setores ante a “poderosa” mineração, em especial nos aspectos da geração de tributos e pagamento de royalties. O caminho é mais complexo. É preciso pensar além, inovar, investir na qualificação das pessoas e criar modos de fomentar empreendimentos exequíveis e, de fato, transformadores e relevantes também nos aspectos de arrecadação.

É preciso haver junção de forças dos poderes públicos e privados, parceria entre Estado, municípios e empresas. Está na legislação (Lei estadual 22.381/2016) que as empresas devem colaborar para essa diversificação econômica e promover o fortalecimento da economia local por meio do apoio ao planejamento e do incentivo ao desenvolvimento e implantação de novos empreendimentos.

Queremos apenas que se cumpram a lei. Na outra ponta, a responsabilidade das cidades também deve ser exigida, como a criação de uma ambiência para os negócios, a oferta de educação de primeira linha, leis de incentivo, doação de terrenos, criação de fundos de investimento e o que mais for possível.

Um bom exemplo a ser seguido é o da Fiat Chrysler Automobiles (FCA), em Betim, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. A montadora negocia constantemente com suas fornecedoras de componentes e serviços a instalação de parques industriais, o que resultou na formação de um cinturão de 109 empresas no entorno da fábrica. Somente nos últimos três anos, cerca de 10 empresas foram atraídas pela montadora.

É preciso mudar essa cultura e uma possível crença de que isso acentuaria uma ‘minerodependência’. Quem produz insumos e presta serviços para a mineração pode produzir e trabalhar para outros setores. As empresas não vão querer ficar atreladas a uma única região ou indústria e vão querer produzir, vender, exportar. Essa é a lógica do círculo virtuoso da economia.

Se tivermos a iniciativa privada exercendo liderança no processo de desenvolvimento dos locais, o poder público não terá outra saída a não ser fazer a parte dele, oferecendo infraestrutura, rodovias, licenciamentos ágeis, incentivos fiscais. Ademais, as comunidades vão apoiar essas empresas.

Os municípios mineradores ainda têm grande potencial para crescer nesse mercado. O investimento das empresas mineradoras e a liderança para a atração de outras indústrias e para ações que tragam benefícios para a comunidade são contrapartidas mais do que justas.

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